Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Às professoras de Música

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A tradução do hino à São João Batista, da qual Guido D'Arezzo retirou as primeiras sílabas e deu nomes aos sons musicais:
Tradução: Purifica, bem-aventurado João, os nossos lábios polutos, para podermos cantar as maravilhas que o Senhor realizou para Ti. Dos altos céus vem um mensageiro a anunciar a teu Pai, que serias um varão insigne e a glória que terias.

 

Às Professoras de Música

Ressalta a qualidade com virtude,

Ensina e verifica a execução

Do aluno de instrumento e, na atitude

De mestra delicada, a correção.

O método aplicado constitui

Missão, que dividido à vocação

Apura e capacita; substitui

O som numa perfeita associação.

Leciona com amor nessa inquietude

De notas no fraseado da canção,

Deseja uma audição de infinitude;

Devolve à matemática a emoção.

Pitágoras, grão-mestre que institui

O tempo musical se faz guardião,

Metrônomo. D’Arezzo é o bom costume,

Em notas solfejadas; oração.

À mestra dedicada em plenitude

E aos mestres mencionados à intenção,

A crença no talento que os instrui

Na aliança da sonora devoção.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Desabafo

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Não guardo comigo o que não é meu,

Devolvo. Não pago o que não devo.

Não calo e rejeito o fariseu.

Talvez a procura de um museu

Desfaça esse triste desenredo,

Roteiros não faltam no liceu.

Na busca de amor sem Romeu,

Tampouco Julieta de arremedo

Seguindo perdida em meio ao mussiú.

De instinto femínio e não proteu,

Sincera, não nego o que sou e zelo

Ao expor-me aos abraços de Morfeu.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cravos

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O cravo fascina,

Liberta e nos leva

Ao mestre que ensina

Aos jovens que a treva

Passou. Descortina-se

A lua na esquina

E a noite se encerra.

Festeja essa gleba

Que a união dissemina

No amor que se enceta

Na linha contínua,

E cose uma queda;

Que o véu da neblina

Ao novo se entrega.

sábado, 23 de abril de 2011

Trovas do Início - Um registro

As trovas tem acento na sétima sílaba poética:

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Sabedoria

Quem usa a sabedoria

Não briga e apenas debate

Ponderado, desconfia

Que o adversário quer combate.

 

Ciência

A ciência traz a luz

Relativa da saúde

E com cautela traduz

A razão ao qual se alude.

 

Conselho

Se um conselho resolver

Sete problemas cabais...

De dor não envelhecer

Findarão todos os meus ais.

 

Fortaleza

Nem mesmo do alto, a realeza

Com a sua pompa e glória

De poder e fortaleza,

Obtém do amor a vitória.

 

Entendimento

O entendimento é um remédio

Vindo da filosofia,

Quem prova não sente tédio

E sabe no que se fia.

 

Piedade

Piedade Mãe Maria

Dos seres desesperados;

Traz Tua paz com o dia,

No Teu amor consolados.

Singular

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Singular

A centelha de luz que te cabe,

Que te segue e conduz; tua guia

Nesse mundo que pulsa e te sabe

Uma estrela perdida na via

Percorrida por muitos.

Singular que do escuro se entreabre

E se firma no breu, maravilha

Da galáxia na láctea amizade

Percebida; que surge e turbina

A impressão: somos únicos.

Desconhece-se a luz que não esparge,

Que se fecha e se esconde em surdina.

O pensar se faz vivo e sem par

Em magnéticas ondas; um ímã

De atração, denso e plúmbeo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Crítica

A CríticaAnjo

Descobri como ocorrem os fatos na literatura. Você escreve histórias inventadas que trazem discussões sobre a vivência, faz da vida a poesia do que não pode ser dito, apenas sentido e, digam-se, múltiplos sentidos.

Existem aqueles que buscam falhas naquilo que você escreve, mas não criticam, apenas falam do seu batom, ou do salto dos seus calçados e parecem que não entendem o que leram. Criticar é dizer se o que está feito é razoável, apontar os pontos fracos e os pontos fortes de um texto. As críticas estão ausentes e, quem escreve descobre o seu caminho através das leituras teóricas sobre a crítica.

Esquece-se que preservar histórias, sejam de pessoas humildes ou de pessoas abastadas, trazem ao mundo em que vivemos novas possibilidades. As contendas são da natureza humana, e pela avidez com que alguns a buscam, podem parecer aos incautos um tanto quanto excitante, mas os resultados delas são deploráveis.

Se há algo que não se faz em busca de dinheiro, é escrever. Uns poucos conseguem viver do que escrevem e, no entanto, o estímulo aos que sentem prazer em fazê-lo é mantido. Quem escreve, procura a satisfação pessoal ao digitar um texto que, a seu ver, tem qualidade.

Difícil é selecionar os textos, há muito texto bom no mundo virtual.

Continuar o esforço para trazer um bom texto ao público que procura essa forma de entretenimento na internet é uma questão de manter a disciplina da leitura e deixar uma hora livre para que a imaginação funcione e adéque o seu conhecimento à história planejada, que provavelmente terá um enredo diferente do imaginado. O texto, na medida em que vira impressão, muda a sua estrutura e você verá esse caminho após deixá-lo parado por um ou dois dias para depois lê-lo. Quando você assume o papel de leitor daquilo que você escreveu é que vê as nuances e percebe aquilo que você não escreveu, mas ficou subentendido.

Uma crítica sobre o texto é bem vinda, haja vista que alguns escritores pedem a um amigo que verifique as provas (leiam o livro) antes de mandarem para a impressão tipográfica. E, muitas vezes, o livro volta para que alguns trechos sejam revisados com a finalidade de obterem uma maior clareza da intenção dos personagens. É quando o escritor passa a ser o digitador do livro que não será mais seu. O livro pertence aos personagens e as suas ações e reações no que diz respeito à vida que levam.

Criticar é entender que a poesia não fala mal do autor, mas fala muito às sensações e que há uma dicotomia entre o(a) poet(isa)a e o seu poema. A beleza do poema é a sensação que ele causa aos leitores. Eis um bom poema e um bom autor.Anjo

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Revista Somos Espejos

É com imensa satisfação que convido os blogueiros amigos a visitarem a primeira edição da Revista Somos Espejos, organizada pelo escritor premiado Gonzalo Saleski, que me concedeu a honra de publicar dois poemas postados neste blog.

Revista Virtual Somos Espejos

Gonzalo Saleski é um escritor nascido em Córdoba (1.978), Argentina, autor de dois livros: 2011 e Presagio de Luz, ganhador de vários prêmios literários na Argentina, México e Espanha.

Gonzalo cria, a partir deste semestre, uma revista literária com autores latino-americanos chamada Somos Espejos, uma revista virtual, que pode ser baixada através de download no próprio site: www.revistasomosespejos.blogspot.com

Junto com a primeira edição da revista, é lançado um concurso literário cujo regulamento e normas de inscrição são acessadas no site da revista.

Gonzalo é um escritor que tem a sua obra lida e comentada no Brasil, como podemos verificar acessando o site Bonde e lendo os artigos da escritora Isabel Furini: http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-31--28-20110312&oper=history#3503

Os livros 2011 e Presagio de Luz, do escritor estão disponíveis para download no blog do escritor: www.gonzalosaleski.blogspot.com São livros de luz e poesia.

A revista Somos Espejos na sua primeira edição contém textos de escritores de vários países, é uma nova esperança para as revistas de cunho literário, que a duras penas resistem em um mercado de edições comerciais. Esperemos que iniciativas culturais corajosas e, de certa forma, na vanguarda pós-moderna do momento cibernético no qual vivemos, sejam bem vindas aos amantes das escritas; são iniciativas que unem os povos, que criam um diálogo entre as culturas através da língua escrita através do mundo virtual.

Não tenho dúvidas que a cultura do nosso tempo será contada em arquivos digitais de excelente qualidade. Quero salientar que o pensamento está livre de todas e quaisquer amarras limítrofes e circula por entre a aldeia literária livre, como um ideal.

Entre o Céu e a Terra

Entre o Céu e a Terra

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Quem fotografa um olho grado

Sem refletir sobre o perigo

Que representa, tem ao lado

A proteção do Deus contíguo.

Um Bem Liberto do seu fardo;

O Vencedor, o sempre Abrigo

Que impedirá que o mal velado

Da escuridão esconda o inimigo.

Um sofrimento foi expurgado

Do ser humano e, no terrífico,

Transfigurou-se ante ao Ente Amado

No Indivisível e Bendito.

Não se resiste ao Iluminado

Que concedeu a vida a esse Ungido

Ao se encontrar com o impensado,

Um pensamento demovido.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Texto Necessário

Texto Necessário

Preciso, por questão de foro íntimo, esclarecer que:

_ O meu conto: Coelha Oprimida foi enviado para a editora Guemanisse no dia 03/01/2010, junto com outros textos tais como Conto do Paco, Pedra de Sal e Verso do Reverso.

_Declaro que não tinha conhecimento do roteiro ou da sinopse do filme Alice no País das Maravilhas da Disney até aquela data, do qual somente tomei conhecimento após o envio do conto infantil para o concurso da editora.

_Declaro que não me responsabilizo pelos pontos coincidentes da trama e nem por eventuais questionamentos de terceiros.

_Declaro que a editora aceitou o texto e participei de uma antologia com os textos enviados em concurso cultural.

Posto o texto novamente para a apreciação dos leitores:

Coelha Oprimida.

O líder dos macacos, Macaquildo, irritado com o desprezo com o qual a bela dona Coelha o tratava, ordenou à macacada que organizasse e executasse um plano para dar uma lição na moça. Esse plano havia de valorizar a figura do macaco e nada sutilmente culminar com o casamento do líder com a Coelha.

Os Coelhudos, parentes da Coelha, de repente espalhavam boatos dizendo que ela era esquisita, que tinha complexo de borboleta (pensava que podia voar), que estava deprimida com o fim do relacionamento com o macaco. Para eles unir a força de um líder à esperteza de um coelho, era tudo para se desejar.

A dona Coelha não está deprimida. Ela está cansada com as pressões da vida, os estressados que a rodeiam.

Os pássaros, que do alto observam tudo o que acontece na floresta, ouvem as lágrimas que rolam nas faces da dona Coelha. Eles descobrem todo o sofrimento dela e fazem canções. É ofício, uma obrigação, é o preço do sucesso e da audiência dos seus chilros.

As cobras fumantes (algum tempo atrás havia cobras fumantes nesse país) e não fumantes ouvem a nova canção dos pássaros e ficam indignados. Fazem uma reunião no covil e decidem ajudar a dona Coelha. Convidam a moça Coelha para passar uma temporada no capão da floresta.

Os ratos a seguem, sob o comando dos macacos, mas não se aproximam, afinal, as cobras comem os ratos. Eles voltam para a floresta e contam ao Macaquildo.

Os patos selvagens são informados através dos pássaros, do drama da dona Coelha e deliberam sobre a questão:

_Não admitimos uma coelha protegida por cobras. Fica acordado que, nós, que não somos predadores de coelhos, tomaremos conta dela.

A dona Coelha aceita a ajuda dos patos selvagens. Na confusão em que a meteram, os patos são menos perigosos que as cobras. Nesse instante, em que a dona Coelha percebe-se cercada por macacos, ratos, cobras e patos, em que o abatimento se faz presente em sua vida, do meio da floresta surge um ninho de coelhos. Eles a convidam para brincar de roda no dia seguinte. Ela os abraça, agradecida.

À noite a coruja pia forte e sinaliza a morte de alguém. As cobras e os patos escutam o pio.

Dona Coelha acorda alegre e corre para a roda dos seus amigos coelhos. A roda se faz, todos se dão as mãos. A roda gira e aos poucos afasta a dona Coelha do capão. Ela não percebe.

Quando, em rodopios, estão saindo do capão, dona Coelha cai no buraco do tatu. Os coelhos seguem rodando com tanta rapidez, que não percebem a ausência da dona Coelha.

O tatu, que está dentro do buraco, guia a dona Coelha de volta ao capão. As cobras a advertem:

_São coelhos da mesma espécie dos Coelhudos. Macacos me mordam se, eles não forem seus algozes.

A dona Coelha disse que percebeu a tocaia, mas a velocidade do giro da roda a prendia com tanta força, que ela não conseguia fugir. O buraco do tatu foi a sua salvação.

Os patos piscam e sorriem para as cobras. As cobras pedem aos pássaros que procurem coelhos de outra espécie que seja compatível com a dona Coelha. As cobras dizem aos patos:

_Se não encontrarmos bons coelhos, os macacos literalmente comem a Coelha.

Os patos concordam com as cobras e ordenam que a dona Coelha passe o dia descansando e comendo cenouras até que se sinta melhor. Nenhum deles ali é coelho, mas todos respeitam a dona Coelha e a querem bem viva.

Os pássaros conversam e conversam, procuram e procuram, e nada encontram.

A árvore de cacau escuta e um dos seus ramos sugere:

_Pássaros, por que vocês não colocam a dona Coelha junto com a turma de coelhos que fazem dos meus frutos amargos, o mais doce e encantado elixir da vida?

Os pássaros mal ouvem o que é dito e correm para darem essa alternativa às cobras e aos patos.

_Contra Coelhudos, coelhos dos deuses, dizem os patos.

_De acordo com os humanos, não se paga o mal com um bem? Perguntam-se as cobras.

Dona Coelha, hoje é uma empreendedora, faz sucesso e pode ignorar o ambiente opressivo de onde viera. Os patos selvagens e as cobras cuidam daquele lugar. O problema não é mais seu. Ela ainda procura os coelhos certos. Ou melhor, os coelhos bons a admiram. Ela é amada pelas suas conquistas.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Tangível

TangívelVagões Antigos,

O problema que se repete merece

A atenção do seu proprietário sem prazo

Afixado, como a paciência que investe

Ao treinar a disposição num acaso.

Condição, que de inescrutável se veste

De um espaço desconhecido, compasso

Que dirige a uma solução de minestre,

A um ensaio, numa tentativa a esse caso.

A variável condicional contra a tese

Fornecida nessa equação, vem do atraso;

Armadilha da matemática inerte.

Calcular geometricamente esse enfado

Poderá vir a se findar em tangente,

Resultando na concordância do caos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ópera

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Ópera tem público cativo,

Palco requintado, caprichoso;

Canta uma desgraça, canto lírico.

Baixo masculino, o pesaroso

Sola comovido o sopro lívido;

Frente a toda a gente, um poderoso

E ávido tenor se opõe ao assovio

Alto da soprano em perigoso

Salto de uma escala, passarinho.

Mezzos e contraltos estão em coro

Próximo ao cenário, meio escondido;

Quadro de um seleto som charmoso.

A arte colossal e o seu cinismo

Sóbrio ao se curvar, fraque obsequioso

Ao último suspiro fugidio.

Mestre em contratempo lento ou mosso;

Some a dominante insensível.

domingo, 10 de abril de 2011

Sabedoria Oriental

Sabedoria Orientalcrayon

Uma moça adoeceu e a família levou-a para consultas médicas. Depois de diversos exames os médicos não decifraram a origem dos sintomas: sangramento nasal, fraqueza e palidez.

Rogéria sentia-se mal e estava desamparada pela medicina. Alguns médicos cogitaram problemas psicológicos que talvez levassem a moça a coçar o nariz até sangrar, mas as entrevistas resultavam em nada.

Dessas idas e vindas aos consultórios médicos surgiam comentários que diziam que a moça tinha leucemia, câncer nasofaringes, algumas pessoas má intencionadas falavam que Rogéria usava drogas. Assim a família conseguiu um segundo problema que era desmentir as falsas acusações e as especulações sobre a possível próxima morte.

Passaram-se dois anos e Rogéria sentia-se mal e o nariz sangrava de modo súbito e inesperado. A preocupação com a moça era uma constante na vida daquela família que não sabia mais como ajudá-la.

Um dia, bate à porta da casa deles um oriental:

_Bom dia. Trabalho a quatro quadras daqui. Posso conversar com a Rogéria? Permitem que eu a ajude?

A situação estava se tornando repetitiva e cansativa na vida daquela família e, eles permitiram a conversa.

Rogéria vem até a sala e senta-se desanimada para conversar.

_Bom dia, Rogéria. Eu sei que você passa mal e sei também que nenhum médico tem a cura. Vejo você passar com a sua família sempre que vão aos médicos. Você usa roupas nas cores azul, vermelho, preto, branco e bege. Todo esse tempo de doente você não usou amarelo; verde que é amarelo misto com azul e, marrom. Você está em desequilíbrio com a energia solar e, provavelmente com a energia lunar. Com a permissão da sua família trago de presente para você um casaco amarelo para os dias frios e uma regata marrom para os dias quentes. Muitos de nós, orientais, valorizamos todas as cores e as suas respectivas energias. Cada cor filtra uma energia e transmite outra, a função das cores é equilibrar as energias do corpo físico e do corpo astral, deixando o corpo emocional calmo e preparado para enfrentar as doenças. Quero que você equilibre as suas energias antes de ir novamente ao médico, mas se você precisar ir ao médico, vista o casaco amarelo ou a blusa marrom.

O homem oriental agradeceu a atenção de todos e partiu.

Rogéria estava cansada de não se sentir bem e vestiu o casaco amarelo assim que aquele homem saiu da sua casa.

Seis meses depois a moça sentia-se bem e os sangramentos do nariz cessaram e a fraqueza foi-se embora. Até hoje inventam histórias sobre a misteriosa doença, mas os médicos confirmam que os sintomas deixaram de se manifestar.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Impacto

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Um medo destrói

Escolas; estantes

De livros estóicos

Que restam aos Dantes

Nos pátios sem sóis.

Alunos distantes,

Horror de um algoz.

Perdido, Cervantes,

Quixote de moinhos

De vento e gigantes

Momescos constrói

Com penas errantes.

De volta ao que dói,

Amor de estudantes.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Jovem e a Idosa

A Jovem e a Idosa

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A moça que se comporta como idosa

Na clássica repressão das emoções

Cultiva no travesseiro sua glosa,

Impõe-se a uma juventude de porções.

 

Se o excesso de liberdade a faz porosa,

A falta a transformará em arranhões

De gata destemperada e desairosa,

De coque cheio desses grampos esporões.

 

A idosa em suas lembranças se vê nova

Girando no carrossel com seus botões,

Comenta essa mocidade toda airosa

Vestindo um comportamento de ilusões.

 

A jovem amadurece quando prova

Os testes dessa jornada... Diversões

Saudáveis são necessárias e preciosas,

Desfazem alguns temores e tensões.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Palavras de Fausto _ um conto imaginando um contrato entre Fausto e Mefistófeles

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Quando fiz o contrato com o “Coisa-Ruim”, não dei a devida importância às letras miúdas. O acordo me fez ganhar todos os bens materiais que eu queria além de prazeres inimagináveis com a experimentação de todas as minhas vontades.

Agora, que todos os meus desejos foram alcançados, eu não gosto de certas alíneas.

Uma delas diz que eu jamais poderei alegar ser ateu a partir do momento da assinatura dele. Eu acreditei no Mefistófeles a ponto de deixá-lo com a minha alma.

Outra delas diz que eu posso infringir sofrimento a qualquer pessoa e, no entanto nada garante que eu me livre dos meus. Não posso esperar alegria ao causar sofrimento, são etapas para os meus objetivos.

Estou com o contrato nas mãos, leiam essa daqui:

_ O cumprimento das cláusulas deste contrato podem causar dores na alma vendida tais como: arrependimento (menos de um por cento), amargura (de um a cinco por cento), desprezo às emoções (na faixa de 10 por cento, efeito colateral definitivo), dizer clichês involuntariamente tais como: “Infelizmente é assim que a vida funciona” (25 a 50 por cento).

E essa outra;

_Sem garantia para outros bens que não estejam vinculados ao prazer físico.

É um contrato viperino que se volta contra as partes. O contrato se volta contra o Mefistófeles também porque o Rival é benevolente e perdoa. Não é o meu caso, cumpri as regras propostas e não me arrependi. Assim é o Demo; paga as despesas e não garante a boa qualidade do produto final. Assim sou dono de todo o meu bairro e não me dou a ninguém e sinto a falta dessa não doação. Tenho a alma doente do desamor que pratiquei e, embora não tenha cometido crimes, o meu desprezo para com o outro é criminoso. É assim que funciona para se conseguir chegar lá, no topo de uma montanha imaginária com um preço desnecessário a maioria dos grandes homens.

Ninguém me impediu de firmar este contrato e do livre-arbítrio, fiz mais valia. A secretária do Demo era fascinante. Parece-me uma autojustificativa inócua este pensamento agora. Eu precisava desse contrato, agora preciso de uma alma, a minha, que talvez não seja resgatada por um bom período na eternidade. É assim que funciona para um covarde. Assim caminho nesse desapego de Fausto.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ainda Dá Tempo!

Crônica:

Ainda Dá Tempoclip_image002!

Essa é uma história infantil que me foi contada inúmeras vezes:

João e Maria tinham um filho que era muito arteiro. Eles perdiam a paciência e puxavam-lhe as orelhas para todas as artes que o menino fazia. O menino tinha as orelhas vermelhas e um senhor percebeu o que ocorria e disse:

_Não puxe as orelhas do seu filho até sangrar. Não puxe!

Os pais pensaram do que entenderia aquele homem da educação do filho que não era dele. Eles eram os pais e poderiam educar o filho à sua maneira. Eles impuseram o castigo até que uma hora, sem querer, arrancaram a orelha do filho, que nunca mais os escutou ou obedeceu.

Por que me contaram tantas vezes? Por dois motivos: o primeiro é aprender a não responder com violência a atitudes inconseqüentes que possam ser resolvidas pelo diálogo, para que aprendesse a dialogar e, o segundo para que eu ficasse surda aos apelos da agressividade dos outros.

E porque eu conto a história de novo? Porque é preciso ensinar aos jovens que violência não se responde com violência e não existe razão para obedecer a pessoas agressivas. Desobedeça aquela pessoa que pode te arrancar as orelhas. Criem maneiras para resolverem os seus problemas.

Espero que essa história um tanto quanto trágica ainda possa ser útil.